domingo, 30 de maio de 2010

Os consumidores de informação

Mais uma eleição se aproxima e, com ela, muitas discussões. Cria-se um clima de rivalidade irresistível entre os diferentes eleitores, como se uns estivessem certos e outros errados. O mundo se divide entre "inteligentes" ou "bem-informados" e "ignorantes" ou "mal-informados". As pessoas buscam abrigo nas "suas turmas" contra a "outra turma".
Qualquer comentário do tipo: -Você viu o que que tal candidato (a) disse? pode desencadear reações tão diversas quanto passionais:
-Não acredito que você ainda presta atenção em tal candidato? Não percebe que é um mentiroso? corrupto! autoritário! reacionário! terrorista! falso!
-Claro que vi! Pois é, está claro que é a melhor opção! afinal o outro é mentiroso! corrupto! autoritário! reacionário! terrorista! falso!
Em seguida, para confirmar que está antenada em política, a pessoa repete mil e uma manchetes de notícias que leu na imprensa.

O Nassif levantou a bola para este lance de repetição de mantras:
Serra dá o tiro na Bolívia. Aí a Veja aparece com a matéria prontinha, mostrando o perigo boliviano. Daqui a pouco vão ressuscitar os 200 mil guerrilheiros das FARCs que invadirão o Brasil pelo mar. (...)
Cada vez que acompanho discussões sobre Cuba, Venezuela, Bolívia, guerra fria, aliás, dá um desânimo danado. São temas não apenas distantes da vida comum, do dia a dia real das pessoas, como da própria realidade política atual do país. É restrito a um mundico de nada na Internet, apenas isso. (...)


E veio o Gabriel Girnos e explicou o fenômeno:
(...)Tem uma coisa que eu ando chamando de “consenso frio”.É um consenso mais ou menos inconsciente, que toma aspectos de senso comum e que pode ser mudado facilmente, porque é sobre aquelas questões que as pessoas sabem pouco — como por exemplo, política externa. Porém, assim como pode ser mudado facilmente, esse consenso frio pode ser mantido facilmente, bastando a repetição da mesma lenga-lenga todo santo dia.
Exite uma classe especialmente suscetível a esse consenso: a classe dos consumidores de informação, aqueles que (para si mesmos) se distinguem do “povão” por ler jornais e estarem “informados”, mas que ao mesmo tempo não chegam a ser críticos e analíticos a respeito do que estão lendo.
É dessa classe informada, bem mais ampla do que apenas uma extrema direita encarnecida, que surge o grande número de pessoas dispostas a acreditar em tudo de ruim que se fala sobre um “ignorante” como o Lula, ou sobre os “radicais” da Bolívia. (...)

Particularmente eu acredito que existe semelhanças entre as pessoas que sentem prazer em citar alguma informação da aba de um livro clássico, responder uma pergunta do "Show do Milhão" e as que, além do prazer, sentem proteção ao repetir a manchete do jornal ou opinião do colunista. Serve para atestar que está "antenada" com a política e não é, portanto, parte do povão ignorante.

O mercado dos consumidores de informação não é nenhuma novidade para a revista Veja na minha opinião. Há anos atrás a editora Abril veiculou um comercial que pode ser considerado degradante para uns mas que é facilmente entendido pelos consumidores de informação. O comercial retrata o leitor como um papagaio repetidor de mantras que não demonstra a mínima capacidade crítica do que está falando. Entretanto o comercial vai direto ao ponto de interesse de muitos: -Leia a Veja e você será percebido como "inteligente".

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Ronnie James Dio

Um dos grandes vocalistas de heavy metal faleceu ontem. Ronnie James Dio participou de diversas bandas mas acredito que ficou mais famoso por ter substituído Ozzy Osborne no Black Sabbath. Ele é considerado o inventor de um dos maiores símbolos do heavy metal, o famoso sinal do chifre do capeta em que os dedos indicador e mindinho permanecem esticados enquanto os outros são dobrados.

O Ronnie James Dio foi um dos convidados da banda Deep Purple no show em que gravaram um disco com a Orquestra sinfônica de Londres em 1999. Acho que este é meu disco preferido de rock. Tem a melhor versão de "Sometimes I feel like screaming". A participação do Ronnie James Dio foi bastante surpreendente. Pra quem estava acostumado a vê-lo cantar heavy metal foi estranho escuta-lo cantando "Love is all". Apesar de estranho, achei fantástico. “Love is all” faz parte de um concerto “The butterfly ball” que se inspirou em um livro infantil. Bem diferente de heavy metal.





Love Is All
Everybody's got to live together
All the people got to understand
So, love your neighbour
Like you love your brother
Come on and join the band

Well, all you need is love and understanding
Ring the bell and let the people know
We're so happy and we're celebratin'
Come on and let your feelings show

Love is all, well love is all,
Love is all, can't you hear the call
Oh, love is all you need
Love is all you need at the Butterfly Ball

Ain't you happy that we're all together
At the ball in nature's countryside
And although we're wearing different faces
Nobody wants to hide

Love is all and all is love and
It's easy, yes it's so easy
At the Butterfly Ball where love is all
And it's so easy


All you need is love and understanding
Hey, ring the bell and let the people know
We're so happy and we're celebratin'
Let your feelings show

Love is all, yes love is all at the Butterfly Ball
Love is big, love is small
Love is free, love is all
At the Butterfly Ball

When you back's to the wall
When you're starting to fall
You got something to lean on
Love is everything
It can make you sing at the Butterfly Ball
Love is all, I say love is all, yes love is all
At the Butterfly Ball

sábado, 15 de maio de 2010

Couchsurfing


O "couchsurfing" é um projeto de hospitalidade baseado na internet. O nome é uma mistura de "couch" (sofá) e surf. A idéia é criar cadastros de pessoas e famílias dispostas a hospedar viajantes em suas casas e de viajantes. Normalmente o hóspede dorme no sofá.

Ao se cadastrar algumas informações pessoais são colocadas para que seja possível avaliar a personalidade de cada um. Informações comuns são: idade, profissão, interesses, hobbies, histórias de vida e o que procura quando está hospedando alguém ou sendo hospedado. Cobrança de dinheiro é vedada.

O "couchsurfing" conta hoje com quase 2 milhões de usuários ao redor do mundo. O crescimento acompanha o de todas redes sociais. Em países da Europa e nos Estados Unidos, onde a preocupação com segurança não se equipara com o Brasil, o projeto é um enorme sucesso. Para quem viaja é uma ótima oportunidade de viver a cultura e conhecer o cotidiano local, além de ter acesso a dicas de passeios, restaurantes, lojas, transporte, etc.. Como não existe almoço grátis, o viajante não deve encarar a casa do hospedeiro como um quarto de hotel onde vai entrar e sair quando quiser, sujar vasilhas na cozinha e o banheiro, assistir TV até tarde, ... É uma troca onde cada um fala um pouco da sua cultura, podem cozinhar juntos, lavar a louça ou passear junto. Muitas pessoas gostam e outras tantas não. Com o tempo ficam mais ativos as pessoas mais "cabeça aberta", que gostam muito de aprender coisas novas.

No site do projeto existem diversos grupos de usuários que organizam eventos em função de interesses comuns. Existem grupos de usuários de uma mesma cidade que se encontram em bares e fazem passeios juntos. Alguns grupos de usuários de diferentes cidades, ou mesmo países, combinam de viajar para um destino comum na mesma época e encontrarem. Alguns grupos de uma cidade podem entrar em contato com um grupo de outra cidade e combinarem de uns "invadirem" a cidade dos outros.

Algumas medidas de segurança são incentivadas pelos organizadores do site. É possível conseguir um "selo" de confirmação de nome e endereço e os usuários devem analisar cuidadosamente o perfil de um potencial hóspede ou anfitrião. Existe um sistema de referências em cada perfil, escritas por outros usuários, que permite reduzir bastante os riscos. Problemas com segurança são praticamente inexistentes com usuários experientes e qualquer ocorrência com usuários novatos é rapidamente avaliada pelos organizadores.

A revista época já escreveu sobre este site. Existem informações também na wikipedia em inglês e português. Pra quem lê bem em inglês existe um artigo longo aqui. De qualquer forma, vale a pena obter informação direto da fonte: o site www.couchsurfing.com

Chichester


Chichester é uma cidade pequena que fica perto de Southampton. Apesar da pequena área, economia e população (aproximadamente 20.000 habitantes), esta cidade tem uma história interessante e uma Catedral imponente.

Dizem que esta area servium como uma espécie de ponte para a invasão romana. Não sei se entendi direito mas parece que foi fundada pelos romanos. Uma catedral foi construida no século XI, substituindo uma anterior do século VII. Uma diferença da catedral de Chichester em relação ao padrão Britânico é que a torre do sino é separada do prédio principal.

Existe uma tumba de um cavaleiro medieval e sua esposa na Catedral. Há também uma estátua memorial de William Huskinsson que foi membro do parlamento mas ficou mais famoso por ter sido a primeira pessoa atropelada por um trem.


Este prédio fica no centro da cidade, na interseção de 4 ruas principais.


Estátua de St. Richard


Devido ao terreno plano e proximidade do mar o topo da Catedral pode ser visto de longas distâncias, inclusive servindo de referência para navegadores.

Catedral de Chichester

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Sobre a vida em Londres

Um dos maiores desafios, e diversao, de morar no exterior é entender as diferencas de estilo de vida e se acostumar a elas. Às vezes eu observo alguma coisa diferente: uma expressão de linguagem, um padrão de comportamento, o humor numa piada, etc., penso um pouco na razão de ser diferente aqui ou no Brasil e de vez em quando percebo alguma genialidade por trás dessas pequenas coisas.

Muitas das pequenas coisas (interessantes) que eu reparei nos últimos meses foram brilhantemente descritas por uma colaboradora do blog do Noblat. O nome dela e Mariana Caminha. Ela é uma brasileira vivendo em Londres e já escreveu um livro chamado "Mari na Inglaterra - como estudar na ilha... e se divertir"

Ela já escreveu sobre o taxista de Londres, que chamou de "O mais esperto dos ingleses". É interessante pensar que para receber uma licensa de Taxi a pessoa tem que passar num "vestibular". Recentemente ela escreveu sobre um projeto chamado "bookcrossing". Eu já havia lido sobre este projeto em que pessoas deixam livros em lugares públicos deliberadamente. Nunca encontrei um livro. Ela encontrou um, no metro, e descreve o projeto no comentário "Uma biblioteca do tamanho do mundo". Ela escreve sobre diversos assuntos relacionados à vida em Londres, sempre às segundas feiras. Já escreveu sobre uma casa noturna famosa, sobre a rivalidade entre Londres e Paris com relacao a moda, a peculiaridade londrina em determinar o inicio da primavera, etc. Sugiro que acompanhem.
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