sexta-feira, 27 de julho de 2007

Decálogo – Krzysztof Kieslowski

Ontem eu terminei de assistir a obra-prima do Krzysztof Kieslowski – “Decálogo”. São dez filmes curtos, aproximadamente 1 hora, que utilizam cada um dos 10 mandamentos (versão católica) como foco. Eu já apreciava este diretor por causa da trilogia das cores (azul, branco e vermelho) mas agora eu o considero um dos meus 3 preferidos, junto com Kubrick e Lynch. Inclusive foi o Kubrick que escreveu o prefácio para esta série onde disse, dentre outras coisas, que os realizadores do Decálogo ganharam muito ao permitir que a audiência descobrisse o que estava acontecendo, pela dramatização dos pontos principais, ao invés de simplesmente contar. Realmente existem poucos diálogos nos filmes e temos que descobrir quase tudo pelas atitudes dos atores.

Os filmes que ficaram mais famosos foram –Não matarás e –Não pecar contra a castidade (acho que este ficou com o título Não amarás), que posteriormente foram transformados em longas metragens. Mas os que eu mais gostei foram o primeiro (Adorar a Deus e amá-lo sobre todas as coisas) e o oitavo (Não levantar falso testemunho). O primeiro mostra um homem e seu filho, extremamente racionais, que utilizam um computador pra tudo. A crença na capacidade de raciocínio lógico acaba se virando contra eles. Um dos trechos do oitavo filme pode ser visto abaixo. Ele mostra uma sala de aula onde os estudantes e a professora discutem dilemas. Um dos dilemas é referência ao segundo filme e inicia um debate entre uma visitante da universidade e a professora, que percebe que aquela visitante é, na verdade, uma criança que ela abandonou à morte durante a guerra usando uma mentira.

Apesar de serem baseados na versão católica dos 10 mandamentos (clique aqui para ver a pagina da wikipedia sobre os 10 mandamentos) eu não acho que exista apelo religioso nestes filmes.

Uma coisa interessante nesta série é poder observar como era a vida na Polônia na década de 80: os carros, interior dos apartamentos, as ruas, subúrbios, sistema de transporte, etc.. Todos os filmes foram filmados em Varsóvia e utilizam o mesmo conjunto habitacional como casa dos personagens. Os personagens são diferentes em todos os filmes, com exceção de uma figura estranha que sempre aparece e parece representar Deus observando os personagens.

Mesmo que alguém se entusiasme com a minha descrição, eu acho difícil que consigam encontrar esta série em alguma locadora em BH. É uma pena pois perdem a oportunidade de assistir o que o Kubrick descreveu como a única obra-prima que ele viu na vida.




quinta-feira, 26 de julho de 2007

Serafim e seus filhos

Demorei umas 3 horas pra achar um programa pra tocar mp3 neste blog. Testei 3 programas, sem sucesso, até encontrar este. Acho que a cor rosa é muito metro pra mim mas tá valendo.
A primeira música não podia deixar de ser sertaneja, caipira, da roça, popular, etc. (sei lá qual a diferença entre elas). Esta se chama Serafim e seus filhos e quem toca é Ruy Maurity Trio. Esta é um clássico. Apreciem sem preconceito! Espero sugestões de músicas (principalmente da ju que tem gosto mais apurado).

Acidente da TAM

Alguém também acha que a imprensa enlouqueceu?

sexta-feira, 13 de julho de 2007

Tropeiro

Uma hora destas, vários peganínguem estão no parque de exposição de Santa Bárbara enchendo a cara e escutando a Ju cantar os refrões das músicas de Zezé di Camargo & Luciano.

Como eu não estou lá e não tenho nada melhor pra fazer, resolvi colocar a minha receita de feijão tropeiro americano:

-Comece abrindo uma NewCastle e servindo uma dose de cachaça porque ninguém é de ferro!




A maior dificuldade é conseguir os ingredientes:

-Na falta de panela de pressão e paciência para cozinhar o feijão, pode-se comprar feijão cozido enlatado. Os famosos “Pinto Beans”! Por favor, sem brincadeiras com o nome do produto. Basta deixar o feijão escorrer para deixa-lo seco.




-Lingüiça é outra dificuldade. Já tentei uma de porco (“Polish Sausage”) mas achei apimentada. Agora estou experimentando uma de boi (“Beef Links”). Corte em rodelas.


-Eu prefiro Bacon em cubos mas aqui só encontro fatias finas. O jeito é se virar com elas mesmo. Corte as fatias em pedaços menores.


-Couve (“Collard Greens”) é fácil de encontrar e basta lavar, enrolar as folhas e cortar bem fino. Como eu tenho pouca paciência, cortei grosso mesmo.



-Farinha de mandioca é outra luta. Depois de rodar vários supermercados eu encontrei farinha de mandioca (“Mandioc flour”) importada do Brasil no Whole Foods. A Farinha é grossa mas como já diziam os sábios Perdidos em L.A. –Pra quem é, ta bom!



Os outros ingredientes são básicos:

-Ovos

-Alho socado

-Manteiga

-Cebola

-Sal

O tropeiro americano não leva torresmo porque qualquer um desiste de qualquer coisa quando vislumbra a dificuldade de conseguir os ingredientes e de fazer o torresmo.

O preparo é simples, comparado com a dificuldade de conseguir os ingredientes:

Coloque a lingüiça e o bacon numa frigideira e refogue, pingando um pouco de água, de vez em quando, para que fritem em sua própria gordura. Reserve. Coloque a couve na MESMA panela em que foi preparada a lingüiça e refogue. Acerte o sal e reserve. Numa frigideira, derreta a manteiga, junte a cebola e o alho e refogue até a cebola dourar. Acrescente a farinha de mandioca, misture e, sem parar de mexer, deixe torrar. Adicione o feijão, a lingüiça e a couve e misture. Normalmente eu coloco cebolinha picada (“green onions”) nesta hora mas esqueci de comprar e ficamos sem.

Por via das dúvidas abra uma lata de coca-cola (qualquer coisa fica boa quando acompanhada de coca-cola).





Depois do almoço, um cafezinho pra diminuir o sono.




Do fascistinha que existe em nós

Li este texto no blog do Nassif e gostei. Acho que vale uma reflexão. O texto foi, originalmente, enviado por uma leitora do Nassif de nome Clara Maria:

Do fascistinha que existe em nós
enviado por: Clara-Maria
Nassif,

não precisa ter lido Freud pra perceber que a raiz da crueldade está na infância de cada um. Quem não se arranjou um conveniente esquecimento de certas estripulias infantis há de lembrar o imenso prazer que já sentiu em morder um “amiguinho”, enfiar-lhe o dedo no olho, puxar-lhe o cabelo... humilhá-lo por ser diferente – gordinho (Baleia!), magrinho (Caniço!), pretinho (Crioulo!Cabelo de Bombril!), etc.; encher de porrada um mais fraquinho, torturar um gato ou cachorro, cooptar um menorzinho pra serviços sexuais eventualmente degradantes, roubar o doce do irmãozinho caçula, etc., etc.


Na medida em que crescemos, somos penosamente convencidos (ou forçados) a abandonar essas deliciosas formas de satisfação. Mas tem um facistinha dormindo na alma de cada um de nós, sempre disposto a racionalizar sua inquebrantável disposição à “ruindade”...

Você, que tem filhas, deve saber como é trabalhoso ensinar uma criança a ser polida e gentil. Além da expressão física, a expressão simbólica da crueldade tem que ser implacavelmente cerceada. A criança precisa aprender a reprimir-se, não mais dizer o que lhe venha à telha a amigos, conhecidos e desconhecidos. Devem ser censuradas frases do tipo “Nossa, você tá acabado, hein? Virou um velho decrépito!” “Como você tá gordo! Tá parecendo um porco!” “Puxa, você é feio como a fome no Nordeste...” “Seu filho é aleijado, né?” (ou “retardado”, “mongolóide”, etc.) E por aí vai.

A cultura tende a apertar o cerco às manifestações desse facistinha – que, repito, habita a alma de cada um de nós - na medida em que as gerações se sucedem orientadas pelos valores da liberdade, igualdade e fraternidade.

Meus bisavós (os do lado branco da família) foram privados do direito a possuir escravos para chicotear fisicamente. Nós, agora, somos cada vez mais privados da liberdade de chicotear “inocentemente” os negros com musiquinhas tipo “O teu cabelo não nega”, epítetos como “crioulo”, etc. Mas como nos custa renunciar a isso!... Tinha que haver uma reserva “ecológica” para nossa crueldade, um grupo de gente que ainda nos fosse autorizado esculhambar, torturar e baixar porrada de maneira desinibida; mas, para desespero de muitos, nem mendigo, índio, homossexual e prostituta a onda do “politicamente correto” está deixando de fora...

Resistimos, mesmo adultos, a abrir mão de cada milímetro da humilhação ao outro que ainda nos é culturalmente permitida. Racionalizamos facilmente essa resistência: protestamos contra a “mania do politicamente correto”, invocamos a Liberdade Individual, sofismamos comparando coisas incomparáveis (“chamar negro de crioulo é o mesmo que chamar de turco um descendente de árabe, japonês um coreano, carioca um petropolitano”...). Lembramos que um homossexual cumprimenta seu amigo homossexual dizendo “e aí, sua %!@$&@# como vão as coisas?”; que um negro chama outro de negão; que um sujeito chama a namorada de “minha quenguinha” etc., normalmente e sem problemas... E concluímos, triunfalmente: “... isso prova que a patrulha contra o politicamente incorreto é pura besteira”.

Não é de se admirar. As paixões não apenas cegam, como também subornam e corrompem a razão. Nenhuma evidência, nenhum argumento, será capaz de desarmar o tesão de um facistinha intelectualizado que não se reconhece como tal - nem os meus, provavelmente. Mas enfim, não custa tentar.

link para o texto no Blog do Nassif

segunda-feira, 9 de julho de 2007

A separação entre arte e engenharia existe apenas nas nossas mentes

Theo Jansen é um artista que trabalha com esculturas cinéticas na Holanda. Fui apresentado a um dos seus vídeos por indicação do João, um perdido com quem divido apartamento. Suas criações parecem insetos gigantes, cheios de pernas, ou esqueletos de grandes animais. A genialidade do seu trabalho está no projeto e construção das esculturas que permitem que algumas andem com a força do vento apenas. Outro ponto interessante de notar é que, durante o deslocamento das esculturas, o "corpo" permanece praticamente estável e as "pernas" se movem com uma coordenação fantástica. Os projetos destas esculturas são feitos em computadores através de algoritmos genéticos, de acordo com o site do escultor. Pelo que entendi, estes algoritimos são programas usados para maximizar alguma coisa (uma função por exemplo) que não se conhece bem. Estes algoritimos trabalham em passos: a cada passo os melhores sobrevivem, os piores morrem e o programa pega alguns dos melhores e uma mutação dos piores para usar no passo seguinte. Assim o resultado quase sempre evolui para estágios superiores. Eu acredito que num caso destes, o escultor não é capaz de modelar tudo o que acontece na interação das esculturas com o ambiente. Assim ele usa o projeto da primeira geração de esculturas como passo inicial para o algoritimo, diz quais obtiveram os melhores resultados e quais obtiveram os piores e o computador cuida da evolução para a nova geração. Não sei se a explicação foi boa mas foi o melhor que consegui entender da explicação do Marcos, outro perdido com quem divido apartamento.

O site da artfutura tem um artigo em inglês sobre o Theo Jansen.
Vários vídeos podem ser vistos no youtube clicando-se aqui.
Eu escolhi o vídeo a seguir, de um comercial da BMW para que vocês tenham uma idéia do trabalho dele.

quinta-feira, 5 de julho de 2007

4 de Julho em Newport Beach

Eu vi este vídeo no youtube e acho que dá pra ter uma idéia do que é o feriado aqui.
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