Ontem eu terminei de assistir a obra-prima do Krzysztof Kieslowski – “Decálogo”. São dez filmes curtos, aproximadamente 1 hora, que utilizam cada um dos 10 mandamentos (versão católica) como foco. Eu já apreciava este diretor por causa da trilogia das cores (azul, branco e vermelho) mas agora eu o considero um dos meus 3 preferidos, junto com Kubrick e Lynch. Inclusive foi o Kubrick que escreveu o prefácio para esta série onde disse, dentre outras coisas, que os realizadores do Decálogo ganharam muito ao permitir que a audiência descobrisse o que estava acontecendo, pela dramatização dos pontos principais, ao invés de simplesmente contar. Realmente existem poucos diálogos nos filmes e temos que descobrir quase tudo pelas atitudes dos atores.
Os filmes que ficaram mais famosos foram –Não matarás e –Não pecar contra a castidade (acho que este ficou com o título Não amarás), que posteriormente foram transformados em longas metragens. Mas os que eu mais gostei foram o primeiro (Adorar a Deus e amá-lo sobre todas as coisas) e o oitavo (Não levantar falso testemunho). O primeiro mostra um homem e seu filho, extremamente racionais, que utilizam um computador pra tudo. A crença na capacidade de raciocínio lógico acaba se virando contra eles. Um dos trechos do oitavo filme pode ser visto abaixo. Ele mostra uma sala de aula onde os estudantes e a professora discutem dilemas. Um dos dilemas é referência ao segundo filme e inicia um debate entre uma visitante da universidade e a professora, que percebe que aquela visitante é, na verdade, uma criança que ela abandonou à morte durante a guerra usando uma mentira.
Apesar de serem baseados na versão católica dos 10 mandamentos (clique aqui para ver a pagina da wikipedia sobre os 10 mandamentos) eu não acho que exista apelo religioso nestes filmes.
Uma coisa interessante nesta série é poder observar como era a vida na Polônia na década de 80: os carros, interior dos apartamentos, as ruas, subúrbios, sistema de transporte, etc.. Todos os filmes foram filmados em Varsóvia e utilizam o mesmo conjunto habitacional como casa dos personagens. Os personagens são diferentes em todos os filmes, com exceção de uma figura estranha que sempre aparece e parece representar Deus observando os personagens.